terça-feira, 3 de abril de 2012

Tipos textuais


Características linguísticas – fator relevante em cada modalidade

Basicamente, até mesmo porque os livros didáticos os conceituam desta forma, conhecemos três tipos textuais – Narração, Descrição e Dissertação. Entretanto, resta-nos estarmos cientes sobre dois aspectos fundamentais que a eles se referem:

Um deles é sabermos que “tipos” relacionam-se à natureza de ordem linguística, tendo em vista seus aspectos constitutivos. Dessa forma, um texto narrativo caracteriza-se pelo relato acerca de um determinado acontecimento, contando com a participação de alguns elementos primordiais, como, narrador, personagens, espaço, dentre outros.

O texto descritivo pauta-se pelo registro das características pertinentes a um objeto, animal, acontecimento, lugar, pessoa, um fato, e muitos outros. E o dissertativo, cujo discurso refere-se à exposição de ideias com base em argumentos convincentes e verdadeiros a respeito de um determinado assunto.

Outro detalhe é considerarmos que em certas ocasiões discursivas há a coexistência dos três em um único texto. Tal ocorrência dependerá da intenção do próprio emissor, que, ao narrar sobre uma viagem, por exemplo, poderá perfeitamente descrever sobre personagens, lugares visitados, levando em consideração aspectos que lhes são peculiares. O fato é que, mesmo eles fundindo entre si, certamente uma modalidade predominará sobre as outras.

E para que possamos estar aptos a identificar sobre as tais modalidades e suas respectivas especificidades, e, sobretudo torná-las práticas, faz-se necessário estabelecermos uma efetiva familiaridade com a escrita. Partindo do pressuposto de que todo texto remete-se a um contexto gerador, a uma maneira de olhar o mundo, a uma formação cultural, e, consequentemente, a uma intenção por parte de quem o produz.

Atendendo ao propósito de ampliarmos nossos conhecimentos linguísticos sobre o tema em evidência, analisaremos alguns exemplos representativos que retratam sobre o mesmo:


“Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita [...] Depois, como se voltasse à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as pernas, descendo, subindo, sem nunca parar com os quadris, em seguida sapateava, miúdo e cerrado freneticamente” [...]
Aluísio Azevedo. O cortiço

Podemos perceber que se trata de um texto narrativo, em virtude da presença de elementos característicos.

“ A ideia de que existem planetas em torno de outras estrelas além do Sol não é nova. Mas nenhuma pista deixou os astrônomos tão animados como as que foram detectadas na estrela 51 da constelação do Pégaso, Em outubro, os astrônomos Michel Mayor e Didier Queloz, da universidade de Genebra, notaram que a estrela se movia de um lado para outro. ”[...]
Superinteressante, fev. 1996.

Aqui, nos defrontamos com um texto dissertativo, por se tratar de um fato jornalístico que expõe argumentos sobre descobertas científicas.

A Dissertação Subjetiva

Primeiramente, não compartilharemos de forma imediata com as questões teóricas concernentes ao assunto em evidência sem antes discorrermos, mesmo que de forma sucinta, sobre a linguagem como meio de interação entre as pessoas.

Seja na fala ou na escrita, quando nos propomos a praticá-la somos norteados por objetivos distintos, dentre eles: informar, relatar sobre algo, instruir, expressar sentimentos, expor opiniões, entreter, entre muitas outras finalidades.

E partindo de tais finalidades a que se propõe o discurso é que podemos classificar os textos, sendo estes dotados de características próprias, os quais se materializam por meio dos inúmeros gêneros textuais que circundam o nosso cotidiano.

Referindo-nos às características que lhes são peculiares, os textos se perfazem basicamente pelas seguintes classificações: narrativo, descritivo e dissertativo. Atendo-nos de maneira específica ao dissertativo, este, por sua vez, consiste na postura assumida pelo emissor em revelar suas opiniões, com vistas a expor seu pensamento crítico acerca de um determinado assunto ora em discussão.

O aspecto relevante que nutre essa modalidade textual é a argumentação, uma vez que a intenção do emissor ao se posicionar frente a uma ideia em discussão tem por objetivo convencer o interlocutor, por meio de argumentos plausíveis, do seu ponto de vista.

Em virtude do caráter argumentativo, o texto dissertativo requer total objetividade no que se refere à linguagem, que deve ser clara, coerente e precisa, conferindo-lhe um tom universal, ou seja, isentando-se de qualquer envolvimento por parte de quem o redige.

Até então enfatizamos sobre as regras que regem uma dissertação. Mas como quase toda regra tem lá suas exceções, o texto em questão não fugiu dessa ocorrência. Desta feita, referimo-nos à chamada “dissertação subjetiva”.

Trata-se de um texto em que prevalece a mesma intenção anteriormente discutida – a de convencer o interlocutor sobre algo. Agora entretanto, retratada por uma abordagem de cunho mais pessoal, passível de uma linguagem mais subjetiva, na qual sentimentos e emoções poderão prevalecer. Será permitido para tal que o emissor se utilize de verbos na 1ª pessoa do singular, como também o discurso, por vezes impregnado de impressões pessoais, certamente nos revele uma certa conotação.

Paralelismo Sintático e Paralelismo Semântico - recursos que compõem o estilo textual

Notadamente, a construção textual é concebida como um procedimento dotado de grande complexidade, haja vista que o fato de as ideias emergirem com uma certa facilidade não significa transpô-las para o papel sem a devida ordenação. Tal complexidade nos remete à noção das competências inerentes ao emissor diante da elaboração do discurso, dada a necessidade de este se perfazer pela clareza e precisão.

Infere-se, portanto, que as competências estão relacionadas aos conhecimentos que o usuário tem dos fatos linguísticos, aplicando-os de acordo com o objetivo pretendido pela enunciação. De modo mais claro, ressaltamos a importância da estrutura discursiva se pautar pela pontuação, concordância, coerência, coesão e demais requisitos necessários à objetividade retratada pela mensagem.

Atendo-nos de forma específica aos inúmeros aspectos que norteiam os já citados fatos linguísticos, ressaltamos determinados recursos cuja função se atribui por conferirem estilo à construção textual – o paralelismo sintático e semântico. Caracterizam-se pelas relações de semelhança existente entre palavras e expressões que se efetivam tanto de ordem morfológica (quando pertencem à mesma classe gramatical), sintática (quando há semelhança entre frases ou orações) e semântica (quando há correspondência de sentido entre os termos).

Casos recorrentes se manifestam no momento da escrita indicando que houve a quebra destes recursos, tornando-se imperceptíveis aos olhos de quem a produz, interferindo de forma negativa na textualidade como um todo. Como podemos conferir por meio dos seguintes casos:

Durante as quartas-de-final, o time do Brasil vai enfrentar a Holanda.

Constatamos a falta de paralelismo semântico, ao analisarmos que o time brasileiro não enfrentará o país, e sim a seleção que o representa. Reestruturando a oração, obteríamos:

Durante as quartas-de-final, o time do Brasil vai enfrentar a seleção da Holanda.

Se eles comparecessem à reunião, ficaremos muito agradecidos.

Eis que estamos diante de um corriqueiro procedimento linguístico, embora considerado incorreto, sobretudo, pela incoerência conferida pelos tempos verbais (comparecessem/ficaremos). O contrário acontece se disséssemos:

Se eles comparecessem à reunião, ficaríamos muito agradecidos.
Ambos relacionados à mesma ideia, denotando uma incerteza quanto à ação.

Ampliando a noção sobre a correta utilização destes recursos, analisemos alguns casos em que eles se aplicam:

não só... mas (como) também:

A violência não só aumentou nos grandes centros urbanos, mas também no interior.

Percebemos que tal construção confere-nos a ideia de adição em comparar ambas as situações em que a violência se manifesta.

Quanto mais... (tanto) mais:

Atualmente, quanto mais se aperfeiçoa o profissionalismo, mais chances tem de se progredir.

Ao nos atermos à noção de progressão, podemos identificar a construção paralelística.

Seja... Seja; Quer... Quer; Ora... Ora:

A cordialidade é uma virtude aplicável em quaisquer circunstâncias, seja no ambiente familiar, seja no trabalho.

Confere-se a aplicabilidade do recurso mediante a ideia de alternância.

Tanto... Quanto:

As exigências burocráticas são as mesmas, tanto para os veteranos, quanto para os calouros.

Mediante a ideia de adição, acrescida àquela de equivalência, constata-se a estrutura paralelística.

Não... E não/nem:

Não poderemos contar com o auxílio de ninguém, nem dos alunos, nem dos funcionários da secretaria.

Recurso este empregado quando se quer atribuir uma sequência negativa.

Por um lado... Por outro:

Se por um lado, a desistência da viagem implicou economia, por outro, desagradou aos filhos que estavam no período de férias.

O paralelismo efetivou-se em virtude da referência a aspectos negativos e positivos relacionados a um determinado fato.

Tempos verbais:

Se a maioria colaborasse, haveria mais organização.

Como dito anteriormente, houve a concordância de sentido proferida pelos verbos e seus respectivos tempos.

Os conectivos como elementos de coesão – uma análise minuciosa

A coesão se manifesta pela harmoniosa ligação entre as partes, de modo a formar um todo compreensível

Quando se trata do ato comunicativo, seja no âmbito da oralidade, seja no âmbito da escrita, um dos aspectos primordiais que o norteiam é a clareza da mensagem. Dessa forma, em se tratando da linguagem escrita, o texto não deve ser concebido como um emaranhado de palavras soltas e desconexas, mas sim de ideias justapostas entre si, de modo a formar um todo compreensível.

Aqui nos referimos à coesão, elemento básico e indispensável, o qual corrobora para que a compreensão se manifeste. Sendo assim, a coesão se constitui pelos recursos linguísticos responsáveis pela ligação que se estabelece entre os termos de uma frase, entre as orações de um período e que, consequentemente, colaboram para a formação de parágrafos harmonicamente bem construídos. Tais recursos são representados pelos conectivos, os quais se manifestam por intermédio das preposições (a, de, para, com), conjunções (que, enquanto, embora, mas, porém, todavia) pronomes (ele, ela, sua, este, aquele, o qual), advérbios e locuções adverbiais (aqui, lá, logo, antes, dessa maneira, aos poucos) e palavras denotativas (afinal, inclusive, senão, apenas, então, entre outras).

Partindo desses pressupostos, o presente artigo tem por finalidade analisar de forma criteriosa acerca de como funcionam esses elementos coesivos, de modo a fazê-lo(a) compreender perfeitamente como se dá todo o processo, a fim de que use tais elementos de forma consciente e adequada, sempre que necessário for. Sendo assim, vejamos:

* Embora, ainda que, mesmo que – Tais conectivos estabelecem relação de concessão e contradição, admitindo argumentos contrários, contudo, com autonomia para vencê-los. Observe o exemplo:

Embora não simpatizasse com algumas pessoas ali presentes, compareceu à festa.

* Aliás, além de tudo, além do mais, além disso – Conferem mais credibilidade aos argumentos, reforçando-os juntamente à ideia final. Constate:

O garoto é um excelente aluno, aliás, destaca-se entre os demais. Além de tudo é muito educado e gentil.

* Ainda, afinal, por fim – Incluem mais um elemento no conjunto de ideias retratadas, como também revelam mais um argumento a título de conclusão do assunto abordado. Note:

Não poderia permanecer calado, afinal, tratava-se de sua permanência na diretoria, e ainda assim pensou muito.

* Isto é, ou seja, quer dizer, em outras palavras – Revelam retificações, esclarecimentos ao que já foi exposto anteriormente. Como podemos constatar em:

Faça as devidas retificações, isto é, corrija as eventuais inadequações, de modo a tornar o texto mais claro.

* Assim, logo, portanto, pois, desse modo, dessa forma – Exemplifica o que já foi expresso, com vistas a complementar ainda mais a argumentação. Como expresso por meio do exemplo a seguir:

Não obteve êxito na sua apresentação. Dessa forma, o trabalho precisou ser refeito.

* Mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, não obstante – Estabelecem oposição entre dois enunciados, ligando apenas elementos que não se opõem entre si. Perfeitamente constatável em:

Esforçou-se bastante, contudo não obteve sucesso no exame avaliativo.

* Até mesmo, ao menos, pelo menos, no mínimo – Estabelecem uma noção gradativa entre os elementos do discurso. É o que podemos constatar em:

Esperávamos, no mínimo, que ela pedisse desculpas. Até mesmo porque a amizade dela é muito importante para nós.

* E, nem, como também, mas também – Estabelecem uma relação de soma aos termos do discurso, desenvolvendo ainda mais a argumentação ora proferida. A título de constatação, analisemos:

Não proferiu uma só palavra durante a reunião, mas também não questionou acerca das decisões firmadas.

Dicas para uma boa organização textual

Uma boa organização textual incide na qualidade do discurso, assim, algumas dicas são necessárias
Uma boa organização textual incide na qualidade do discurso, assim, algumas dicas são necessárias
Quando lemos uma história esperamos encontrar no enredo determinados elementos que a fazem se classificar como tal: personagens, narrador, apresentação, complicação, clímax e desfecho final, entre outros, igualmente importantes. Já ao nos depararmos com um texto de opinião, nossa perspectiva mantém-se fiel: desejamos que as ideias estejam prontamente definidas, de modo a percorrermos um trajeto que nos conduz ao início, perpassa por um desenvolvimento e nos conduz a um fim, a uma conclusão.
Alguns textos, como é caso de “A arte da construção textual” e “A produção textual - uma análise discursiva” exploram de forma efetiva os pressupostos que envolvem a tessitura textual. Dessa forma, tendo-os como suporte, ampliaremos ainda mais nossa discussão sobre o assunto em pauta, com vistas a fazer com que você, caro (a) usuário (a), aprimore cada vez mais suas habilidades no que tange à arte de redigir.
O primeiro passo, dentre os muitos a seguir, é se conscientizar de que tal procedimento (o da construção textual) tende a se assemelhar a fatos corriqueiros, como é o caso de um percurso que se faz de um lugar a outro, bem como a construção de uma casa. Em ambos os exemplos, “planejamento” é a palavra-chave. Ora, se tudo não for milimetricamente projetado, há grandes possibilidades de as paredes desmoronarem, ou, no caso do primeiro deles, há o risco de ficarmos rodando por horas sem chegar a lugar algum.
Consideramos que não se trata de uma tarefa fácil, sem dúvida. Mas para que nosso projeto obtenha êxito, alguns passos são considerados essenciais, a começar pela preparação das ideias.
Torna-se inviável discorrer acerca daquilo que desconhecemos. Imagine que, estando você a narrar algo, sua criatividade, num piscar de olhos, venha a falhar. Pronto, lá se foi o sonho de encantar o leitor com sua história. Outro caso: pense você que sua tarefa seja a de se posicionar em relação a algum assunto, defendo-o por meio de argumentos que o justifiquem ou o contrariem. Será que suas ideias foram construídas com base nos “achismos”? Ou será que você se mostrou como um verdadeiro defensor de suas opiniões, de seus posicionamentos?
Dessa forma, de modo a se mostrar como alguém que realmente conhece o que está dizendo, faz-se necessário praticar a leitura constantemente. Mas seria o caso de ler somente obras de grandes clássicos? Não, você pode perfeitamente ser eclético nas suas escolhas, contanto que saiba separar o “joio do trigo”. Agindo como tal, os argumentos que você se dispuser a defender serão baseados em fontes confiáveis – condição essencial para uma boa postura enquanto emissor de um texto. Outro aspecto diz respeito ao final que dará a seu texto: lembre-se de que tal parte deve ter um argumento eficaz, que remeta à ideia defendida no início.
Você preparou as ideias? Eis que é chegado o momento de organizá-las. Nesse sentido, organize-as de modo a respeitar uma lógica interna: fato esse que tudo tem a ver com a construção dos parágrafos, mantendo-os coesos, claros e precisos. Outro aspecto, também muito importante, é saber condensar suas ideais, de modo a não deixá-las carentes de conteúdos, tampouco abusivas de informações, ou seja, ser habilidoso (a) em saber dosá-las é, antes de tudo, sinal de competência e habilidade. Lembre-se também que seu texto jamais poderá representar uma imagem de você mesmo (a), por isso mantenha-o o mais imparcial possível, deixando as emoções e os juízos de valor para a “hora certa”, ou seja, haverá circunstâncias comunicativas em que tais atitudes poderão ser perfeitamente exploradas.
Colocando tudo em prática: momento em que você irá materializar tudo aquilo que planejou. Para tanto, algumas dicas se revelam como preponderantes, entre elas:
- A primeira delas é se colocar como leitor de sua produção, ou seja, como você gostaria que as ideias ali estivessem dispostas.
- Outra questão diz respeito à clareza da mensagem, dada a evidência de haver “múltiplos” interlocutores. Desse modo, para não correr o risco de não ser bem interpretado, seja claro em tudo que disser.
- Voltando à questão do caráter coesivo de seu texto, procure fazer com que um parágrafo nunca encerre a ideia em si mesmo, pois é preciso haver uma interligação entre todos eles (os parágrafos).
- Procurando cuidar bem da performance textual, nada mais sugestivo que variar a estrutura sintática, quando a situação assim o permitir, é claro. Um exemplo é o uso do predicado antes do sujeito, como em: vã foi a luta/ caótico é o trânsito/ imprecisos são os detalhes, entre muitos outros.
Pois bem, todas as elucidações aqui firmadas tendem a colaborar para o aprimoramento de uma competência necessária a todo usuário do sistema linguístico: a escrita. Esperamos ter contribuído para a conquista dela!

Organização sintática

A organização sintática resulta da habilidade em saber articular as partes de um enunciado, tornando-o claro e preciso
A organização sintática resulta da habilidade em saber articular as partes de um enunciado, tornando-o claro e preciso
“Habilidade” resume todos os requisitos dos quais devemos dispor quando o assunto diz respeito à produção textual. De forma indiscutível, em se tratando da modalidade escrita da linguagem, tal pressuposto parece “soar” ainda com mais intensidade. Dada essa importância, iremos tratar acerca de um deles, ora demarcado pela organização sintática.
Tal fator, por sua vez, parece demonstrar seu aspecto valorativo não somente no que tange à escrita, acima de tudo, mas também no que diz respeito à modalidade oral. Dessa forma, no intuito de exemplificarmos o que estamos afirmando, analisemos a assertiva expressa a seguir:
Imagine que você tenha domínio das regras ortográficas, utilizando-as de forma adequada sempre que necessário. Entretanto, mostra-se inábil no sentido de organizar seu pensamento e expor suas ideias de forma clara e precisa, não importando qual seja a circunstância comunicativa (oralidade...escrita, enfim). Tal fato, com certeza, o impedirá de estabelecer uma relação concreta com seus interlocutores, haja vista que a comunicação se manifestará de forma truncada, incompreensível até.
Chegamos enfim ao ponto central de nossa discussão: pelo que se define a organização sintática?
Em termos mais claros, ela se define pela sua habilidade de colocar cada “coisa” no seu devido lugar. Perceba este exemplo:
Esforçou ocupar cargo tal se bastante para.
O que fazer diante desse emaranhado de palavras desconexas? Coloquemos, portanto, nossa habilidade em ação, no sentido de reorganizar as ideias:
Esforçou-se bastante para ocupar tal cargo.
Temos um período composto, formado por duas orações, no qual os termos que o compõe se encontram devidamente distribuídos – o que resulta numa mensagem perfeitamente compreensível.
Isso é organização sintática, ou seja, a habilidade da qual o emissor dispõe (ou pelo menos deverá dispor) em saber articular as partes de um enunciado, de modo a torná-lo claro para o leitor.

Dicas linguísticas

As dicas linguísticas tendem a ampliar nossos horizontes, incidindo de forma direta no nosso desempenho enquanto usuários

No tocante à nossa performance linguística, na condição de usuários assíduos da língua, muitas vezes cometemos alguns “tropeços” que, em se tratando de situações específicas de interlocução, concebem-se como inadequados. Por vezes, tal ocorrência pode se dar por um simples descuido de nossa parte ou até mesmo por falta de um conhecimento mais amplo acerca dos fatos linguísticos.

Assim sendo, a começar pelo título do artigo, algumas dicas nos servirão como base rumo ao bom desempenho no que diz respeito a esse aspecto. Sendo assim, norteado pela importância de se conquistar determinadas habilidades, o estudo a que iremos nos dedicar aponta acerca de algumas recorrentes circunstâncias comunicativas que geralmente representam alvo de muitos questionamentos. Com base nessa premissa, vejamos:

* Peixes possuem espinhos ou espinhas?

Podemos dizer que algumas espécies possuem ambos os elementos. O que na verdade importa é que saibamos fazer a diferenciação que há entre eles. Para tanto, analisemos:

No caso de se tratar daqueles ossos internos, dizemos sempre “espinhas”. Agora, fazendo referência àquela saliência fina e pontiaguda que recobre o corpo de alguns animais, aí sim podemos afirmar que se trata de “espinhos”. No caso dos peixes, há alguns que possuem tal característica, como esse demonstrado na imagem:


O vocábulo “espinho” se refere à textura encontrada no corpo do animal


* Toda cor possui plural?

Acredite: nem todas são demarcadas por esse aspecto, tendo em vista alguns pormenores tidos como relevantes, observe:
Geralmente a nomeação que a elas atribuímos (vermelho, verde, amarelo, roxo, entre outros), ora pode funcionar como adjetivos (olhos azuis), ora como substantivo (O azul é minha cor predileta). Ocorrências essas que quase sempre obedecem às regras de flexão de número.

Contudo, há aquelas cuja nomeação se origina de outros seres, como, por exemplo, objetos, flores, frutas, etc. Assim sendo, laranja, limão, vinho, violeta, rosa, cinza, gelo, de substantivos passam a ocupar a função de adjetivos, permanecendo, portanto, invariáveis. Logo, torna-se perfeitamente compreensível e, sobretudo, adequado, dizermos:

Camisetas laranja; vestidos violeta; gravatas limão, camisas rosa; persianas gelo, e assim por diante.

* TV a cores ou em cores?

Se alguém nos perguntasse se assistimos ao filme a preto e banco ou em preto e branco, certamente optaríamos pela segunda alternativa, até mesmo por uma questão de coerência.
Indo um pouco mais adiante, sobretudo no que diz respeito à função relativa aos termos “a” (a cores) e “em” (em cores), temos que o “a” somente pode funcionar como artigo, pois como preposição é impossível, visto que não se usa preposição antes de palavras pluralizadas (cores). Dessa forma, atendo-nos ao termo “em”, esse sim é uma preposição e condizente ao contexto, ou seja:

TV em cores.

*Subsídio (com som de s) ou “subizídio” (com som de z)?

Mediante tal circunstância linguística, há que se fazer uma importante colocação: ao dizermos ASA, percebemos que a letra s apareceu grafada entre duas vogais, fato que a faz, em se tratando de termos fonéticos, possuir som de “z”. Quando o mesmo ocorre, mas o som agora, necessariamente, precisa ser o de “s”, basta duplicarmos tal letra, como, por exemplo, “ASSAR”.

Assim sendo, não há fundamentos que nos conduzam a pronunciar o referido vocábulo com som de “z”, mas sim como orginalmente se apresenta, ou seja, subsídio (com som de s).